Bom Dia
Não negues, confessa Que tens certa pena Que as mais raparigas Te chamem morena./ Pois eu não gostava, Parece-me a mim, De ver o teu rosto Da cor do jasmim./ Eu não... mas enfim É fraca a razão, Pois pouco te importa Que eu goste ou que não./ Mas olha as violetas Que, sendo umas pretas, O cheiro que têm! Vê lá que seria, Se Deus as fizesse Morenas também!/ Tu és a mais rara De todas as rosas; E as coisas mais raras São mais preciosas./ Há rosas dobradas E há-as singelas; Mas são todas elas Azuis, amarelas, De cor de açucenas, De muita outra cor; Mas rosas morenas, Só tu, linda flor./ E olha que foram Morenas e bem As moças mais lindas De Jerusalém. E a Virgem Maria Não sei... mas seria Morena também./ Moreno era Cristo. Vê lá depois disto Se ainda tens pena Que as mais raparigas Te chamem morena! .:: Guerra Junqueiro
Bom Dia
Dá a surpresa de ser. É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro./ Seus seios altos parecem (Se ela tivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem Ter que haver madrugada./ E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado./ Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como? .:: Fernando Pessoa
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